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Crítica: O poder oculto de Graul Oks


O Poder oculto de Graul Oks por Tomás Borges de Castro.


Tomás Borges de Castro, um nome a reter e seguir. «O Poder Oculto de Graul Oks», o segundo livro de «As Aventuras de Flauto», uma narrativa fantástica que irá, sem sombra de dúvida, fazer com que leitores se aventurem por Vulka, sem hesitação, e se deslumbrem ao percorrer com ambos, escritor e Flauto, os caminhos paralelos que construíram.


Esta coleção tem todos os ingredientes que definem o género fantástico, nem outra coisa seria de esperar: uma trama intrincada, cheia de conflitos, segredos e aliados, com os lados bom e mau de tal forma entrecruzados que nos obrigam a tomar posição e a desejar vitórias, mesmo quando parecem frágeis; cenários não conhecidos descritos com uma minúcia que aguça o gosto pela descoberta, página a página; um herói que, como todos nós, tem forças que desconhece, forças que conhece e nem sempre utiliza por achar que não são importantes, e fraquezas que o tornam mais humano e, claro, mais herói. Flauto tem tanto de herói como de pessoa comum, e isso é irresistível…

Poderíamos tecer considerações sobre arquétipos, ou mesmo sobre as funções de Propp que esta narrativa contém, mas estaríamos a teorizar o que é simples e complexo, intuitivo e consciente, sereno e conturbado. Este livro, como os outros certamente, não foi escrito segundo um manual, e ainda bem; foi escrito seguindo emoções, sonhos e pesadelos, tornando-o único, forte e sedutor.

Esta é uma história onde as decisões podem fazer cair por terra amigos e ambições, onde existe a perda e a dor, assim como a beleza de um sorriso sincero e a esperança num futuro melhor. É uma história comovente e que nos incomoda. Faz-nos sentir por dentro dos dilemas e hesitar, como Flauto. Mostra-nos como o bem e o mal estão perigosamente próximos. Faz-nos descobrir como mergulhar na raiva, no mal e na cobiça cega nos atira para um outro mundo, onde não cabe o respeito, a solidariedade e a entreajuda.

Não gosto, para não dizer que detesto, que, ao falar de um livro, se conte a sua história, e por isso não vou fazê-lo. Acredito que cada história tem tantas leituras quantos leitores, estaria apenas a dar a minha visão do livro. Nem quero escolher um pequeno véu que se possa destapar para vos convidar a entrar neste mundo. Mas posso dizer-vos, com sinceridade, que vale a pena mergulhar em Vulka pela mão de Flauto, que a história vos deixará sem fôlego até ao fim, e que, como todas as grandes histórias, aqui veremos o nosso mundo retratado com uma fidelidade que nos deixa pensativos. Não é essa a virtude primeira de um grande livro?


Margarida Fonseca Santos

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